Na nossa língua portuguesa, muitas vezes nos deparamos com palavras próximas, que parecem ter funções similares, mas que apresentam diferenças sutis e essenciais para uma comunicação clara e adequada: é o caso de “este” e “esse”. Apesar de parecerem intercambiáveis em certos contextos, seu uso correto depende de fatores como a localização no discurso, a proximidade do falante em relação ao objeto ou à pessoa a que se refere, bem como a nuance de ênfase que desejamos transmitir.
Seja na fala ou na escrita, dominar o uso de “este” e “esse” é fundamental para quem busca aprimorar a expressão linguística e evitar ambiguidades. Este conteúdo tem como objetivo apresentar um guia completo que esclarece as diferenças entre os dois pronomes, fornece dicas práticas de uso e exemplos para facilitar a compreensão, contribuindo para uma comunicação mais precisa e eficiente.
Diferenças Entre "Este" e "Esse"
Origem e Classificação
Tanto “este” quanto “esse” são pronomes demonstrativos, utilizados para indicar algo ou alguém no espaço ou no discurso. Em termos gramaticais, eles fazem parte dos pronomes demonstrativos de indicação, cuja função principal é apresentar objetos, pessoas ou ideias em relação ao interlocutor, ao falante ou ao texto.
Uso do "Este"
“Este” é empregado para indicar algo que está perto do falante. Normalmente, é utilizado quando o elemento indicado está na mesma localidade ou momento em que o discurso acontece, ou quando o falante quer conferir ênfase ao objeto ou pessoa referida.
- Exemplo de uso:
“Este livro que tenho aqui é muito interessante.”
- Características principais:
Características | Exemplos |
---|---|
Está próximo ao falante | “Este carro (que estou vendo)” |
Indica algo no presente | “Este momento é importante” |
Utilizado em discurso direto | “Este é o meu ponto de vista” |
Uso do "Esse"
“Esse” é utilizado para indicar algo que está mais próximo do interlocutor, ou que foi mencionado anteriormente. Também pode referir-se a algo mais distante do falante, mas que já foi introduzido na conversa.
- Exemplo de uso:
“A sua proposta, esse projeto, parece interessante.”
- Características principais:
Características | Exemplos |
---|---|
Está próximo do interlocutor | “Esse vestido que você gosta” |
Referência a algo já mencionado | “Lembre-se daquele dia, esse foi especial” |
Pode denotar algo mais distante | “Aquele livro que está na estante” |
Critérios de Uso na Prática
1. Localização no Espaço e no Discurso
Uma das formas mais claras de decidir entre “este” e “esse” é avaliando quem está mais próximo do ponto de referência na conversa.
Tabela simplificada:
Situação | Uso de “Este” | Uso de “Esse” |
---|---|---|
Objeto ou pessoa próximo ao falante | Sim | Não |
Objeto ou pessoa próximo ao ouvinte | Não | Sim |
Referência a algo mencionado anteriormente | Não | Sim |
2. Enfase e Intenção Comunicativa
Quando desejamos dar ênfase ou destacar algo, podemos optar por “este”, pois sua proximidade imprime uma sensação de destaque ou de novidade.
- “Este é o melhor momento para agir.” (Destaque para o momento)
Já “esse” pode indicar algo já conhecido ou que foi mencionado anteriormente na conversa, contribuindo para um efeito de continuidade ou referência.
3. Contextos Específicos
Na fala coloquial
- “Este” tende a ser mais utilizado na linguagem formal ou escrita.
- “Esse” aparece com mais frequência na linguagem informal ou na fala do dia a dia.
Na escrita formal
Segundo Maria Helena de Moura Neves, uma das maiores especialistas em português, o uso correto dos pronomes demonstrativos garante clareza e formalidade ao texto. Recomenda-se usar “este” ao introduzir uma ideia ou objeto novo, e “esse” ao retomar uma ideia ou falar de algo já mencionado.
Exemplos de Uso Correto
Situação | Correto | Incorreto |
---|---|---|
Apresentar um objeto próximo do falante | “Este quadro é maravilhoso.” | “Esse quadro é maravilhoso.” |
Referir-se a um objeto distante do falante, mas próximo do ouvinte | “Esse carro que você gosta é novo.” | “Este carro que você gosta é novo.” |
Repetir uma ideia já falada anteriormente | “Lembre-se daquele dia, esse foi inesquecível.” | “Lembre-se daquele dia, este foi inesquecível.” |
Diferença de Uso em Escritos e Discursos
Na redação acadêmica ou formal, a distinção deve ser rigorosamente observada, pois ela contribui para a coesão textual e clareza na transmissão da mensagem. Em discursos informais, o uso muitas vezes é mais flexível, dependendo do ritmo e do estilo do interlocutor.
Conforme autores renomados como Celso Cunha e Lindley Cintra, a escolha do demonstrativo deve refletir a relação de proximidade ou distância do que se deseja indicar, facilitando a compreensão do leitor ou ouvinte.
Casos em que a Confusão Pode Acontecer
Apesar de suas funções distintas, há situações em que o uso de “este” e “esse” pode gerar dúvidas, especialmente para estudantes e falantes não nativos. Algumas dessas situações incluem:
- Quando o objeto ou assunto é mencionado no início do texto ou fala.
- Em orações em que a proximidade do objeto varia durante o discurso.
- Quando há mistura de registros formais e informais.
Para evitar equívocos, uma estratégia eficaz é imaginar uma linha do espaço ou do tempo, onde “este” fica à esquerda ou na parte mais próxima do falante, e “esse” à direita ou mais próximo do ouvinte, dependendo do contexto.
Como Facilitar a Memória e o Aprendizado
Para facilitar a memorização do uso de “este” e “esse”, posso sugerir alguns truques:
- Regras mnemônicas:
- “Este” para aquilo que está perto de mim.
“Esse” para aquilo que está perto de você ou foi mencionado anteriormente.
Prática com exemplos pessoais: Sempre que pensar em uma situação, tente identificar quem é mais próximo: o objeto, a pessoa ou o momento mencionado.
Leitura e escuta atenta: Observar o uso nas falas de programas televisivos, leituras e textos acadêmicos pode ajudar a fixar as diferenças.
Treinamento com exercícios: Elaborar frases de próprio punho e revisá-las com base no critério de proximidade.
Conclusão
Dominar o uso de “este” e “esse” é essencial para quem deseja comunicar-se de forma clara, precisa e adequada às normas do português. A distinção fundamental reside na proximidade do objeto ou referência em relação ao falante e ao ouvinte, além da intenção de ênfase ou continuidade no discurso.
Ao compreender as características de cada um, evitar confusões comuns e aplicar as regras em diferentes contextos, aprimoramos nossa expressão oral e escrita, contribuindo para uma comunicação mais eficaz. Lembre-se: prática e atenção são seus melhores aliados para dominar esses pronomes demonstrativos.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Qual a principal diferença entre “este” e “esse”?
A principal diferença está na localização do objeto ou ideia em relação ao falante e ao ouvinte. “Este” refere-se a algo próximo ao falante ou que está sendo apresentado, enquanto “esse” indica algo mais próximo do ouvinte ou que já foi mencionado anteriormente na conversa ou texto.
2. Posso usar “este” e “esse” de forma intercambiável na linguagem informal?
Na linguagem informal, muitas pessoas usam os dois de forma improvisada, especialmente na fala do dia a dia. No entanto, na escrita formal ou em contextos que exigem precisão, é importante seguir a regra de proximidade para evitar ambiguidades.
3. Como saber se devo usar “este” ou “essa” no feminino?
As regras de proximidade valem tanto para os pronomes masculinos quanto femininos. Assim, “esta” substitui “este”, e “essa” substitui “esse”. Por exemplo:
- “Esta casa é linda.” (perto do falante)
- “Essa porta está aberta.” (perto do ouvinte)
4. Existe alguma regra específica para o uso de “isto” e “aquilo”?
Sim. “Isto” e “aquilo” são formas de pronomes demonstrativos que representam coisas próximas ou distantes, respectivamente, mas sem especificar sua localização exata. Uso comum:- “Isto”: para algo que está perto do falante ou que está sendo mencionado.- “Aquilo”: para referir algo distante ou que foi mencionado há muito tempo.
5. Como usar corretamente “este” e “esse” em textos acadêmicos?
Em textos acadêmicos, é fundamental seguir a lógica de proximidade para facilitar a compreensão. Geralmente, usa-se “este” ao introduzir uma nova ideia ou objeto, e “esse” ao fazer referência a uma ideia previamente apresentada. Recomendo revisar suas frases para manter a coerência na aplicação dessas regras.
6. É possível usar “este” e “esse” em títulos e subtítulos?
Sim. Os pronomes podem ser utilizados em títulos e subtítulos para dar ênfase ou estabelecer continuidade. No entanto, é importante manter a consistência e clareza no uso, especialmente na escrita formal. Por exemplo:
- Este artigo explica o uso de pronomes demonstrativos
- Esse conceito é fundamental na compreensão da gramática
Referências
- Neves, Maria Helena de Moura. Gramática do Português Falado e Escrito. Editora Ática, 2007.
- Cunha, Celso. Material de Gramática Portuguesa. Editora Nova Alexandria, 2010.
- Cintra, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Editora Nova Fronteira, 2000.
- Portal da Língua Portuguesa – https://pln.com.br
- Academia Brasileira de Letras – https://www.academia.org.br
Se desejar aprofundar ainda mais o tema, recomendo consultar manuais de gramática e páginas de referência confiáveis, como o Dicionário Priberam e o site Brasil Escola.